Identificar e Conhecer

Constatada a baixa frequência escolar, segue-se a caracterização da realidade do(a) estudante para identificar e conhecer os motivos estruturais, visando à integração de dados e informações sobre as trajetórias escolares e a situação dos(as) estudantes, antes do encaminhamento a outros serviços. Identificar e conhecer, nesse sentido, são ações que caminham juntas, pois há uma ligação entre ambas. Como é possível para os(as) profissionais das instituições escolares identificar o fenômeno que revela a vulnerabilidade que crianças e adolescentes em situação de pobreza estão vivenciando?

No caso da constatação de baixa frequência por crianças e adolescentes, sobretudo dos(as) beneficiários(as) do PBF, relacionada a fatores sociais e familiares, é importante que a escola entenda que as histórias das famílias influenciam nas trajetórias escolares dos(as) estudantes. Dessa forma, uma relação de confiança entre a instituição escolar e os(as) responsáveis e/ou familiares é fundamental para o conhecimento das realidades concretas dos(as) estudantes. 

A boa comunicação entre escola, família e comunidade colabora para que os(as) profissionais de educação compreendam e intervenham de forma positiva nas diferentes questões sociais e familiares. Algumas questões podem nortear as ações pedagógicas, como: o(a) estudante está expressando alguma forma de luto pelo que vivencia através de brincadeiras, falas, textos, desenhos? Houve alguma mudança brusca de comportamento, como agressividade ou tristeza, que se apresente de forma repetitiva?

Para que a criança e o(a) adolescente possam superar as dificuldades vivenciadas, é necessário que a escola faça encaminhamentos intraescolares, voltados para uma organização pedagógica que favoreça tanto uma articulação entre a escola, a família e a comunidade quanto a reflexão do lugar social e as condições materiais de vida e sobrevivência; e extraescolares, relacionados com uma articulação intersetorial com outras políticas públicas.

Acompanhamento intersetorial dos casos identificados

Como a escola está organizada para o acompanhamento do(a) estudante?

No ambiente escolar, questões como: separação dos pais; necessidade de cuidar de familiares (idoso, criança, pessoa com deficiência); viagem com a família; casamento do(a) estudante(a); entre outros, podem afetar diretamente o ciclo de aprendizado, ocasionando na baixa frequência escolar. O enfrentamento exige que se pense em ações integrais e integradas, na perspectiva da intersetorialidade – dentro e fora da escola.

Dentro da escola, essas questões precisam ser pensadas coletivamente, para que se formule um acompanhamento pedagógico que: 1) fortaleça o vínculo entre a família, a comunidade e a instituição escolar; 2) estimule crianças e adolescentes a refletir sobre as situações vivenciadas a fim de poderem enfrentá-las.

Nesse sentido, a escola pode encaminhar, em conjunto com os coordenadores(as) pedagógicos(as) e educadores(as), atividades de colaboração que permitam à família atuar em programações, reuniões, eventos culturais, atividades extracurriculares etc. Outra possibilidade é que a escola incentive a participação da família na formulação do Projeto Político Pedagógico (PPP), o que poderá colaborar para uma participação efetiva da família, ao se criar uma gestão coparticipativa.

Para refletir sobre as questões familiares e sociais, os(as) educadores podem estimular a leitura de paradidáticos que permitam aos/às estudantes que vivenciam as situações de vulnerabilidade expressar seus sentimentos e medos.

Além disso, a escola pode encontrar apoio para o desenvolvimento de ações conjuntas e complementares com a criança, o(a) adolescente e as famílias, sobretudo com os(as) beneficiários(as) do PBF, através do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). No caso do fortalecimento da função protetiva da família, prevenindo a ruptura dos vínculos, a escola pode encaminhar para o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), que fará um trabalho continuado com as famílias territorialmente credenciadas nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS). É possível, também, o encaminhamento de crianças e adolescentes que estejam fora da escola ou em defasagem escolar ao Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), que tem como um de seus objetivos contribuir para a inserção, reinserção e permanência dos usuários no sistema educacional. O acompanhamento socioassistencial é fundamental para que os fenômenos possam ser enfrentados em sua totalidade, viabilizando o direito e o acesso à educação. 

Conheça o fluxo socioassistencial para acompanhamento

É importante ressaltar que o encaminhamento socioassistencial não finaliza o acompanhamento pedagógico, pelo contrário, é a ação conjunta dos distintos setores que podem colaborar para a compreensão da heterogeneidade que envolve os motivos que levam à baixa frequência e à evasão escolar de crianças e adolescentes beneficiários(as) do PBF. Estando estes(as) inseridos(as) em contextos de privações materiais e subjetivas, ou seja, em situações de vulnerabilidade e pobreza, a escola pode encontrar apoio para articulação de ações conjuntas com outros setores das políticas públicas, como os da área da Saúde e/ou Assistência Social. No caso do motivo presente, o fluxo abaixo pode ser utilizado pelos(as) profissionais da educação a fim de efetivar uma rede de proteção que permita o acesso integral de crianças e adolescentes beneficiários(as) do PBF à cidadania.

CRAS: Centro de Referência de Assistência Social
PAIF: Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família
SCFV: Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos

Gostaria de baixar as sugestões extraescolar desse encaminhamento?

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