Identificar e Conhecer
No ambiente escolar, constatada a baixa frequência ocasionada por doença na família ou óbito da família e do(a) estudante, se deve trabalhar na perspectiva de identificar e conhecer os motivos estruturais, reconhecendo que eles estão atrelados à perspectiva de promoção de saúde integral, envolvendo também a saúde mental e psicológica da criança e/ou adolescente e de suas famílias. Isso significa entender o(a) estudante como sujeito histórico, inserido em ampla e dinâmica rede de relações dentro e fora da escola.
A compreensão por parte dos(as) profissionais das instituições escolares da dinâmica social e cultural na qual essas crianças e adolescentes estão inseridos(as) e das implicações específicas desta no cotidiano escolar podem potencializar um trabalho de acolhimento pedagógico, em que o(a) ajude a se sentir sujeito em relação às situações concretas vivenciadas. A escola, dessa forma, estaria sendo entendida concretamente como espaço de encontro da educação e da saúde para o desenvolvimento integral das crianças e jovens.
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2009), pelas condições de vida e desigualdades sociais, há uma grande parcela das famílias em vulnerabilidade, com crianças e adolescentes em territórios nos quais é presente as situações de precariedade de estruturas, e expostos à violência, o que impacta nas trajetórias escolares, seja na forma de adoecimento, situação de luto, ocorrência de suicídio e/ou como vítima de homicídio.
As políticas públicas intersetoriais objetivam melhores condições de vida da população, mobilizando recursos para o fortalecimento integral da saúde na comunidade. Dessa forma, para o acesso às políticas de saúde e educação, se apresenta como um desafio a ser enfrentado pela escola a identificação e compreensão da complexidade da situação que envolve o adoecimento, a morte e a vivência do luto de familiares e colegas.
Acompanhamento intersetorial dos casos identificados
Como a escola está organizada para o acompanhamento do(a) estudante?
Os encaminhamentos diante da situação de baixa frequência escolar ocasionada por doença na família ou óbito da família e do estudante podem se dar na forma do acompanhamento pedagógico pela escola nos processos de ensino e aprendizagem considerando as especificidades identificadas. Em casos de adoecimento de familiares, que resultam na baixa frequência, é necessário encaminhar ações pedagógicas discutidas coletivamente, para que o grupo de profissionais da escola acolha essa criança ou adolescente nessa situação, ofertando a possibilidade de recuperação de atividades e conteúdos. A unidade escolar, pode ser o canal de compreensão e encaminhamentos do familiar adoecido para outros setores, caso seja necessário.
Nos casos de óbito de estudantes e/ou familiares, ações intersetoriais, com instituições de acompanhamento socioassistencial e comunidade, são exigidas, sendo a escola o possível ponto de encontro para o fomento dessas discussões, desenvolvimento de grupos de apoio e debates ligados ao trabalho com a saúde do corpo e mente, o luto, a perda, a perspectiva de futuro, entre outros. Ações culturais, como o teatro, bordado e pintura, além do potencial de agregar toda a comunidade escolar, podem ser vias para a expressão dos sentimentos e espaço de denúncia de situações do cotidiano, potencializando o debate sobre a questão.
A escola é um espaço importante para o desenvolvimento de um programa de educação para a saúde entre crianças e jovens, por ser um espaço de construção de conhecimento proveniente do encontro de diferentes sujeitos e seus saberes, seja popular, científico, propagado pela mídia e/ou pelas crenças, os quais exercem forte influência sociocultural. Os setores de Educação e de Saúde possuem afinidades nas políticas públicas, por serem baseados na universalização de direitos fundamentais. Para mais informações, acesse o Caderno de Atenção Básica número 24, elaborado pelo Ministério da Saúde.
A integração e articulação permanente da educação e da saúde é objeto do Programa Saúde na Escola (PSE), que, dentre os seus objetivos, destacamos dois:
- fortalecer o enfrentamento das vulnerabilidades, no campo da saúde, que possam comprometer o pleno desenvolvimento escolar;
- promover a comunicação entre escolas e unidades de saúde, assegurando a troca de informações sobre as condições de saúde dos estudantes.
Veja aqui mais detalhes e os demais objetivos do PSE.
Conheça o fluxo socioassistencial para acompanhamento
O encaminhamento socioassistencial não finaliza o acompanhamento pedagógico, sendo a ação conjunta de diferentes setores que colaboram para o fortalecimento da conclusão das trajetórias de crianças e adolescentes nas escolas, combatendo a infrequência escolar a partir do entendimento dos motivos que levam à baixa frequência e evasão das crianças ou adolescentes beneficiários(as) do PBF. A escola pode encontrar apoio para articulação de ações conjuntas com outros setores das políticas públicas, como os da área da Saúde e/ou Assistência Social. O fluxo abaixo pode embasar profissionais da educação a fim de efetivar uma rede de proteção que permita o acesso integral das crianças e adolescentes beneficiárias do PBF à cidadania.
Unidades Básicas de Saúde/SUS: integrados por centro de saúde, postos de saúde, unidades de saúde, da família e unidades básicas de saúde ou similares mais próximos de sua casa.
Gostaria de baixar as sugestões extraescolar desse encaminhamento?
BaixarReferências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde na escola. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. (Série B. Textos Básicos de Saúde). (Cadernos de Atenção Básica, n. 24).