A produção do humano como invisível e o ocultamento das diversidades: um processo histórico

Primeiramente, gostaríamos de perguntar: o que você entende por pobreza? Quando pensamos sobre isso, parece fácil definir o que é “pobreza”. No entanto, essa tarefa é complexa, pois esse conceito não significa apenas “ausência de recursos financeiros”, não há um consenso sobre o que é pobreza, e, por isso, julgamos necessário destrinchar esse tema.
Além disso, reconhecer a pobreza e as suas desigualdades não significa apenas conceituá-las. É necessário um olhar multifacetado e sensível às diversas formas de opressão e precarização que as vidas alheias sofrem, cotidianamente, em seus corpos (BUTLER, 2006).
Ainda, é preciso refletir constantemente sobre quais processos estão por trás de tantas desigualdades sociais existentes no Brasil, bem como decifrar por que indivíduos, modos de ser e vivências várias são produzidos como invisíveis. Assim, iremos discorrer, a seguir, como determinadas correntes de pensamento social interpretam as desigualdades sociais e educacionais do País.
Vale ressaltar que as diversas interpretações da realidade brasileira não se esgotam aqui, sendo, inclusive, passíveis de desacordos. Todavia, as reflexões apresentadas até o momento nos apontam a necessidade de investimento em ações que visem superar a imensa desigualdade que caracteriza as condições sociais do País. Um exemplo de ação desenvolvida com esse intuito de superação é o Programa Bolsa Família (PBF), o qual, nos últimos anos, tem sido um importante meio de transferência de renda no País, oportunizando melhores condições de vida a seus beneficiários(as).
Reportagem - Brasil é o 10º país mais desigual do mundo
Para pensarmos um pouco mais sobre essa realidade brasileira, convidamos você a assistir ao vídeo abaixo, que reflete sobre a importância do PBF na ampliação do acesso aos serviços públicos que são direitos dos cidadãos. Além disso, aborda o papel das mulheres como beneficiárias e os desafios enfrentados pelos(as) beneficiários(as), como as pautas de ajuste fiscal e a desmistificação dos preconceitos e estigmas em relação a esses sujeitos.
Fonte: Andeps (2017).
Após assistir ao vídeo, perguntamos: quais reflexões foram possíveis a partir dele? Como podemos pensar sobre a desigualdade social, os preconceitos e a pobreza? Pensando sobre isso, trazer perspectivas críticas se faz relevante para problematizarmos sobre as realidades sociais.
Entende-se que, historicamente e culturalmente, certos grupos obtiveram privilégios tanto econômicos como sociais. Assim, certas hierarquias foram moldadas em nossa sociedade: alguns detendo o poder e outros tantos sustentando estas lógicas hierárquicas. Isso fez e faz com que hajam grupos mais privilegiados e grupos menos privilegiados, os quais têm diferentes formas de acesso aos bens de consumo, aos bens culturais e a oportunidades. Essa perspectiva ainda é muito importante para entendermos as condições de sobrevivência das camadas populares no Brasil.
Mas fica uma pergunta: há outras dimensões e processos que produzem os sujeitos como superiores ou inferiores? Quais são os elementos que influem na perpetuação de desigualdades sociais tão perversas no Brasil?