Ao pensar as mudanças nas configurações familiares, Berquó (1999) as associa as mudanças sociais que se intensificaram no Brasil após a década de 1950. Destaca-se a inserção das mulheres no mercado de trabalho, o aumento da escolaridade das mulheres e o consequente aumento da idade de casamento e da diminuição do número de filhos nas famílias.

Para a autora, as mudanças sociais associam-se a “novos estilos de vida, como uniões estáveis que não envolvem coabitação, jovens vivendo sozinhos ou em companhia de outros jovens fora da casa dos pais, e arranjos de adultos, aparentados ou não, morando juntos” (BERQUÓ, 1999, p. 423).
No entanto, é necessário pensarmos as mudanças também a partir de dinâmicas sociais e culturais que hoje diferenciam as famílias e suas trajetórias. Diferenças essas associadas a processos de colonialidade que influem sobre a vida de famílias que não correspondem ao modelo legitimado socialmente.
Reconhecer que as famílias hoje são diversas é um passo importante, mas é preciso avançar para que esse reconhecimento se materialize em melhores condições de vida, para que essas famílias possam ter vidas mais justas e dignas, como nos ensina Arroyo (2012), sendo a diversidade considerada como um valor.
Estamos em um tempo em que a necessidade de descolonizarmos nosso olhar sobre a maneira como as pessoas se relacionam, se agrupam e se organizam no mundo aumenta, e é fundamental garantir o direito de sermos diversos, reconhecendo as diferenças, assim como nos ensina Boaventura de Souza Santos (2003).