UNIDADE 1

As novas configurações familiares: desmistificando estereótipos

 


É preciso toda uma aldeia para educar uma criança.”

Provérbio africano
Figura 1: aldeia africana. Elaboração: LANTEC-UFSC (2018).

Esse dizer africano, repleto de sabedoria, nos reforça a ideia de que influências diversas atuam na educação dos sujeitos, mais especificamente na educação dos beneficiários do PBF crianças, adolescentes e jovens.

Entre tais influências, as famílias assumem importância primeira, uma vez que representam o primeiro espaço de nossa socialização. A família, como instituição, é a primeira responsável por garantir os direitos das crianças, dos adolescentes e dos jovens.

É ainda no início da vida, principalmente em meio às nossas famílias, que experienciamos o aprendizado de diversas linguagens, aprendendo sobre emoções, regras e códigos necessários para se viver em sociedade. As famílias, portanto, também são espaços educativos importantes que influenciam na formação do indivíduo, independentemente de como se caracterizam seus vínculos familiares.

Entretanto, sobre quais famílias estamos falando? O que podemos chamar de família na contemporaneidade? Qual a relação entre a educação que os sujeitos vivenciam em suas famílias com a educação escolar? Como as condições sociais das famílias influenciam na relação com a escola? Que outros fatores podem influenciar na aproximação ou no afastamento das famílias das escolas? Como melhorar a relação família-escola?

Essas questões são preciosas para os educadores que, no cotidiano das escolas brasileiras, buscam melhorar suas práticas profissionais. Nesse sentido, é necessário não apenas buscar uma única solução para as questões colocadas, mas também refletir sobre o conceito atual de família, bem como sobre as disputas que existem em torno de um modelo familiar.

Refletiremos ainda sobre a relação família-escola, sobretudo no que diz respeito às famílias dos estudantes das escolas públicas, às crianças, aos adolescentes e aos jovens em situação de extrema pobreza/vulnerabilidade social.

Quando olhamos para as famílias em situação de extrema pobreza, percebemos histórias de trabalho árduo, violências e marginalizações diversas que levam a profundas desigualdades educacionais, sociais e econômicas, assim como a maioria dos beneficiários do Programa Bolsa Família. Com isso, buscaremos compreender como as experiências sociais e culturais das famílias podem refletir no processo de escolarização desses sujeitos, visando pensar estratégias para ampliar a permanência deles na escola.