Introdução

Família, escola e situações de vulnerabilidade socioeducacional


Ninguém nasce feito, ninguém nasce marcado para ser isso ou aquilo. Pelo contrário, nos tornamos isso ou aquilo. Somos programados, mas, para aprender. A nossa inteligência se inventa e se promove no exercício social de nosso corpo consciente. Se constrói. Não é um dado que, em nós, seja um a priori da nossa história individual e social.


Paulo Freire

Neste texto, convidamos o(a) leitor(a) a conversar a respeito de situações vivenciadas por estudantes brasileiros e por suas famílias que ocasionam a repetência, o abandono e a evasão escolar. Pretendemos refletir sobre as desigualdades de acesso à escola no Brasil, dialogando acerca da relação entre pobreza e desigualdade educacional. Igualmente, discutiremos sobre como essa relação se desdobra nas práticas cotidianas, presentes no ambiente escolar, de estudantes oriundos de territórios vulneráveis e marcados pela pobreza.

Nessa perspectiva, iremos trazer o Programa Bolsa Família (PBF) como política pública de busca pela equidade social e educacional, que não se limita à transferência de renda. O PBF é um programa de transferência de renda condicionada, voltado à garantia de direitos na área da educação, saúde e assistência social, e tem como intuito, ainda, romper com uma visão preconceituosa que relaciona a existência do programa à dependência financeira das famílias que necessitam desse benefício para garantir sua sobrevivência.

Por último, mas não menos importante, conversaremos sobre como as situações de pobreza influenciam nas vivências das infâncias, adolescências e juventudes brasileiras, buscando entender como esses(as) jovens de famílias que vivem em territórios vulneráveis e marcados pela pobreza social necessitam de políticas públicas específicas, bem como demandam processos pedagógicos que se relacionem com seus tempos de vivência.