Apoio social e redes de apoio às crianças e adolescentes grávidas

Para melhor compreensão, referimo-nos aqui ao termo “apoio social” como o auxílio fornecido pelo parceiro, amigos, vizinhos e outros; já “rede social de apoio” faz referência à interligação entre instituições como a escola, família, serviços de saúde e de assistência. À medida que um e outro falhem, é possível recorrer a outros. Nem sempre a família apoia. Por vezes, o parceiro abandona a relação, a aluna sofre bullying na escola, os profissionais de saúde a julgam, e assim sucessivamente. Comportamentos que em nada ajudam.
Quando o apoio social é precário, a rede social de apoio precisa atuar de modo mais efetivo. Os serviços de saúde têm que fornecer o suporte necessário para a adolescente se sentir confiante e segura e voltar para fazer o pré-natal completo. Os serviços de assistência social são igualmente relevantes, uma vez que buscam garantir a cidadania da adolescente, fortalecendo as famílias, protegendo os vínculos afetivos e promovendo o seu pertencimento social por meio de programas e projetos vigentes.
As doenças sexualmente transmissíveis – um problema de saúde pública – têm incidência significativa entre adolescentes, e as práticas preventivas e de autocuidado são fundamentais no controle da disseminação desse tipo de doença. No âmbito da Educação Sexual na escola, o aprofundamento do conhecimento e atualização acerca das DSTs e dos métodos preventivos são pouco efetivos se dissociados de um diálogo aberto, cotidiano, interdisciplinar, sem viés moralista, e de atividades educativas centradas no reconhecimento da diversidade de comportamentos sexuais dos adolescentes com ênfase no uso de preservativos para todos, independentemente de sua orientação sexual e envolvendo toda a comunidade educativa. O debate sobre direitos sexuais e direitos reprodutivos deve ser balizador das discussões e, considerando-se o aumento de vulnerabilidade relacionado à prática sexual associada ao consumo de álcool e outras drogas, articular este assunto ao debate também potencializa sua efetividade.
Dentre as múltiplas doenças sexualmente transmissíveis, destacamos o HIV/AIDS, o que se deve ao fato de ela ainda ser tabu na sociedade. O grande paradoxo é que, ao tempo em que um diagnóstico de soropositividade não é mais uma condenação de morte, como era antigamente, ainda existe muito preconceito associado ao HIV, sobretudo entre adolescentes negros, pobres e de diferentes orientações sexuais, que, em sua maioria, se valem do SUS para obtenção de medicações e cuidados.
Como sabemos, o HIV pode ser transmitido na relação sexual (vaginal, oral ou anal), pelo sangue (transfusão, partilha de seringa por usuários de drogas injetáveis) e por transmissão vertical (de mãe para filho na gravidez, parto ou amamentação). O uso de preservativos sempre é indicado pela capacidade protetiva, ainda que se utilizem outros métodos contraceptivos.
Frente ao ainda resistente estigma sobre o HIV/AIDS, o rompimento com mitos obsoletos é uma ação de prevenção moral contra a discriminação e o preconceito. Nesta dimensão, é tão relevante quanto a prevenção de uma infecção física. O HIV não é transmitido por abraços, tosse, espirro, alimentos, piscinas, toalhas, assentos sanitários, animais domésticos, mosquitos e outros insetos. Pode-se beber no mesmo copo, comer com os mesmos talheres (a saliva não transmite o vírus).