Práticas de atividades físicas e esportivas
É consenso que a prática de atividades físicas e esportivas é promotora de saúde. No entanto, se focarmos o olhar para a estrutura física e social cada vez mais reduzida e improvisada das escolas públicas, perceberemos a necessidade de articulação com os espaços sociais locais, como as praças, quadras esportivas do bairro, parques e mesmo terrenos ociosos. Por isso, não nos cansamos de repetir, a escola é parte do território educativo. Não deve mais querer abraçar o mundo sozinha, deve integrar-se e promover a integração de todos os agentes e instituições do território.

As atividades físicas e esportivas, como tudo no espaço cotidiano, podem ser bastante atraentes a crianças, adolescentes e jovens para que esses frequentem a escola. Além disso, essas práticas devem estimular a inclusão de pessoas com deficiências e trabalhar a vivência das diversidades em favor do bem comum. A organização pedagógica desse espaço cria um fator de proteção social importante contra a evasão escolar.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSe):
Para a Organização Mundial da Saúde – OMS, a atividade física é definida como sendo qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que requeiram gasto de energia –incluindo atividades físicas praticadas durante o trabalho, jogos, execução de tarefas domésticas, viagens e em atividades de lazer.
Esse “movimento corporal” de crianças, adolescentes e jovens precisa ganhar espaço e tempo para acontecer. Pode parecer um paradoxo, já que a escola, privilegiando a disciplina e o controle, reduz vivências escolares aos corpos controlados e às paredes das salas de aula. Mas convenhamos que, muito mais do que “a musculatura esquelética gastando energia”, o movimento dos corpos é constitutivo da psique humana, da subjetividade; é linguagem, é expressão, é a síntese do estar vivo, do ser-criança e do ser-adolescente.
No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu § 3º do Art. 26, define que a educação física integrada à proposta pedagógica da escola é componente curricular obrigatório da educação básica (BRASIL, 1996). Apesar disso, um dado recente da PeNSE (IBGE, 2015) alerta para o fato de que apenas 28,1% dos meninos e 12,9% das meninas do 9º ano do Ensino Fundamental desenvolvem atividades físicas globalmente estimada.
Uma explicação para esse dado pode estar nas reduzidas estruturas físicas das escolas, na ausência de parcerias com espaços e agentes locais. Bracht (1999) afirma que em algumas escolas a Educação Física ainda aparece focada na aptidão física para a esportivização, ou seja, privilegia os alunos que se mostram competitivos, incentiva a superioridade individual em detrimento da coesão do grupo,quer descobrir atletas de alta performance sem dar a devida atenção aos alunos que não se destacam nesse sentido. Tal comportamento, além de gerar um afastamento e ansiedade de errar em um esporte coletivo, por exemplo, cria uma zona de conflito e discriminação impensável para o espaço pedagógico. As aulas de Educação Física devem refletir a cultura corporal da região, ou seja, aumentando os vínculos com a comunidade. Assim, a escola pode aprender a usar espaços públicos da região, que podem variar desde parques, bosques e matas, até praças, pistas de skate, campos de futebol e a própria rua, assim como pode propiciar tempo e espaço para o desenvolvimento de projetos pedagógicos.
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