A estratégia de Educação Integral significa também a oportunidade de ampliar a oferta diária de alimentos para muitas crianças, adolescentes e jovens que dependem dessa refeição, muitas vezes a única do dia. Quando o acesso à alimentação básica é tão difícil no dia a dia, a alimentação escolar é mais do que o sustento físico, é também o direito indelével à vida digna!

É oportuno mencionar o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), criado por meio do Decreto n.º 37.106/1955, que, atualmente, prioriza o respeito aos hábitos alimentares regionais e às características agrícolas dos municípios por meio da parceria com agricultura familiar. Outro balizamento importante é a publicação da Portaria Interministerial n.º 1.010/2006, do Ministério da Saúde e da Educação, que “Institui as diretrizes para a Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas de educação infantil, fundamental e nível médio das redes públicas e privadas, em âmbito nacional” (BRASIL, 2006b). Uma leitura crítica desse documento permite apreciarmos a relevância e a capacidade de transformação dessas ações no âmbito da escola.

Atualmente, todos nós somos chamados ao exercício de cidadania de sermos agentes de fiscalização da qualidade dos alimentos que ingerimos e ofertamos para o outro. Essa é uma pauta que deve ser ensinada no território educativo também. Diversas são as ameaças à saúde que vêm de alimentos contaminados, seja por desastres ecológicos, como o da mineradora Samarco em Mariana, seja pelo uso ilegal de hormônios em carne bovina (doença da vaca louca), seja pelo excesso de agrotóxicos nas produções agrícolas de larga escala, seja pelo abuso de sódio e de açúcares dos alimentos ultraprocessados. Estes últimos são os mais fáceis de serem identificados e evitados, ao mesmo tempo são os mais acessíveis. Por isso mesmo, pode ser um bom primeiro passo entender o que são alimentos ultraprocessados:

À escola cabe garantir o acesso à alimentação escolar e ensinar a crianças, adolescentes e jovens o valor cultural da alimentação e como se alimentarem de forma equilibrada, com custo reduzido, com aproveitamento total dos alimentos, sem desperdício, além de trabalhar o descarte sustentável dos “restos”. Propostas pedagógicas articuladas com as manipuladoras de alimentos, com os responsáveis técnicos de nutrição, que articulem a alimentação com o respeito ao corpo e ao meio ambiente, favorecem o autocuidado e se caracteriza como excelente atividade promotora de saúde.